RACHA LIVADA
( SÉRVIA )
( 1948 – 2007)
POESIA SEMPRE. Minas Gerais. Número 29. Ano 15 Editor Geral: Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: MINISTÉRIO DA CULTURA / Fundação BIBLIOTECA NACIONAL, 2008. 372 p. ISSN 0104-0626 No 10 847
Exemplar na biblioteca de Antonio Miranda
De Assis
Aqueles meninos em cavalos e barcos
(Mas seis deles, contam, também a pé)
Procuravam Assis,
Onde Ovídio também está
Choravam por dinheiro e pela antiga glória.
Os pescadores estenderam-lhes as redes,
Em vez da toalha.
Ofereceram lúcios, vinho, pão preto,
E um vento raro,
Que revolve cabelos e sonhos:
Que penetrou no coração deles
Feito nau no lodo.
Os exemplos revelados resmungam
Assim que aparecem uns para os outros
Em sonho,
E um deles disse:
Sonhei uma cruz-de-madrepérola-grossa
Brotando-me da boca
E quebrava-me os dentes:
Ainda sinto o calafrio-sob-a-língua.
Teve início uma brincadeira,
Mas respeitaram o sinal.
Entretinha os anfitriões
Aquela conversa amável sobre jacintos no sol,
E aqueles trajes singelos:
E revelaram-nos.
E com um deles (Quase-me-esquecia.)
Que assegurava ser o vinho deles
Saboroso como o sangue de Deus
Confraternizaram-se.
Apenas tanto:
No que respeita à poesia.
Os livros no entanto registraram o que segue:
Enforcamentos, cristianizações,
Rasteiras e fogueiras,
Expansão do comércio e de doutrinas militares,
(Com isso tudo da arte também)
Assim como já soía acontecer
Quando os filhos negociam a herança paterna.
Mas eu só enxergo
Velhotas matutinas
Que visitam aquele mundo
Com cestos trançados cheios de mercadorias,
Dentro da boca pedra lavada,
Logo murmuraram:
Criança vivaz...
Glória...
Dinheiro...
Poder...
E vão para casa
E Lívida afirma:
Providências por demais longas turvam a vida.
*
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Página publicada em setembro de 2024
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